quarta-feira, 6 de março de 2013

Ocupações Temporárias – Cabo Verde


Ocupar a “morada” do Mindelo, ou seja, a cidade central e carismática da Capital de S. Vicente, com o tema Estrangeiros, pode ser uma redundância dada a história do arquipélago de Cabo Verde e desta ilha em particular. Abordar esta temática numa cidade que se fundou como entreposto de carvão para navios ingleses servindo a rota Atlântica que liga a Europa à América é correr o risco do discurso quase historicista da identidade crioula que tem feito também a rota das migrações.

A proposta feita aos artista Abraão Vicente, Bento Oliveira, Diogo Bento (em parceria com o colectivo Oficina de Utopias) Nenass Almeida e Nuno Pinto, pretendia uma reflexão sobre quem são os estrangeiros hoje em Mindelo, quais as fronteiras, tangíveis e imateriais, que delimitam a pertença, quantos territórios existem, como se distingue  o eu e o outro. O que os artistas apresentam vaia apara lá da identidade nacional e traz para a praça pública urgências próprias da cidadania como sejam o emprego, a habitação, a mobilidade, a identidade cultural e religiosa.

Trazer para o Mindelo os trabalhos de Paulo Kapela e Rui Tenreiro, apresentados em Maputo, nas Ocupações Temporárias 20.12 com o mesmo tema, integrando-os no circuito da cidade e da exposição, é uma opção pela diversidade de linguagens e de suportes artísticos, mas também de referências e de vivências, que podem enriquecer a “discussão”, ou pelo menos suscitar novos ângulos de observação da mesma problemática, desde logo um ângulo diferente porque será desenhado a partir da rua.

Elisa Santos

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